O Projeto

O projeto centra-se na análise do Rio Araguaia como um lugar de memórias e identidades. Por meio da articulação entre arqueologia colaborativa, arqueologia subaquática e museologia comunitária, amparadas pelo olhar antropológico, o projeto visa compreender as relações entre o povo Iny/ Karajá e o rio. As ações envolvem um curso de formação (Patrimônio Cultural de Goiás: olhares da arqueologia colaborativa e subaquática), ações de campo nas Aldeias Buridina e Bdè-Burè (Aruanã), produção de materiais audiovisuais, diagnósticos museológicos e uma exposição virtual. Objetos do povo Iny/ Karajá, salvaguardados no Museu Antropológico, passam pelo processo de reconstrução computadorizada e poderão ser acessados na exposição virtual.

O Curso

O projeto contemplou a realização do curso “Patrimônio cultural de Goiás: olhares da arqueologia subaquática e colaborativa”. Como o próprio nome indica, essa iniciativa teve como tema principal a arqueologia subaquática, envolvendo questões relacionadas aos processos de patrimonialização e metodologias de trabalho colaborativo. Estes aspectos são fundamentais para promover uma aproximação entre a prática arqueológica e as comunidades, sobretudo com as pessoas que habitam ou frequentam os espaços sobre os quais incide a sua intervenção.

A realização do curso justificou-se, ainda, pela inexistência de um programa formativo na área de arqueologia subaquática nos centros de formação superior do Estado de Goiás. Apesar do incipiente desenvolvimento da disciplina no interior do Brasil, a enorme área ocupada por rios, lagos e lagoas requer empreender estudos nesta variante da investigação arqueológica.

Exposição virtual

A exposição virtual “Rio Araguaia: lugar de memórias e identidades” consiste em uma das ações do projeto homônimo. Por meio de um enfoque arqueológico e antropológico, pretendeu-se compreender e valorizar as relações do povo Iny/Karajá com o rio Araguaia, em especial daqueles que vivem nas terras indígenas inseridas no município de Aruanã, no Estado de Goiás.

Em tempos cada vez mais marcados pela violência contra os povos indígenas, bem como por um desrespeito pelos recursos do cerrado, o projeto contemplou uma metodologia de trabalho colaborativo. Ao assumir a ideia de que a academia mantém um forte compromisso com a sociedade e que o estudo do passado por meio dos vestígios arqueológicos só tem sentido se vinculado às necessidades do presente, adotaram-se práticas etnográficas e incorporaram-se pesquisadores indígenas.

A exposição que se apresenta constitui, assim, uma construção coletiva de narrativas textuais e imagéticas onde se expressam as perspectivas de diferentes especialistas. Elas versam sobre algumas das histórias e conhecimentos do povo do fundo do rio, repletos de ideias emergenciais para a sociedade não indígena. Por isso, a sua organização obedeceu a três eixos: “Territórios e Lugares”, “Saberes e Tradições” e “Artes e Museus”. É sobre esses aspectos que se desafia o espectador a refletir.