Exposição virtual Saberes e Tradições
As tradições manifestam-se na atualidade por meio de diversas práticas cotidianas de cada uma das pessoas que compõem as comunidades Karajá de Aruanã. Esses saberes tradicionais se mantêm até hoje por força da reinvenção, baseada em adaptações permanentes que a tornam a cultura Karajá atual e operativa.
Gestos envolvidos na produção de potes, bonecas, cestas e esteiras de palha de buriti, integram os usos e finalidades das coisas, assim como prescrições rituais e/ou simbólicas referentes às várias fases da vida, desde a produção até ao seu descarte. Para alcançar perceber esses aspectos haverá que escutar as/os artistas.
Kari Wassuri vive na aldeia de Buridina e tem levado a cabo uma importante investigação sobre diferentes especialidades artísticas, nomeadamente na produção de objetos de palha de buriti e cerâmica. A partir dos ensinamentos que recebeu de familiares próximos, revisita os lugares onde tradicionalmente se coletaram as matérias primas necessárias à execução do artesanato. Além de artista, esta mulher atua igualmente como mestra, introduzindo as crianças da aldeia nas especialidades que domina.
Com um percurso semelhante se destaca Renan Wassuri. Há alguns anos viajou à Ilha do Bananal, onde passou uma temporada aprendendo várias das artes indígenas Karajá. Ao regressar a Aruanã dedicou-se à produção de objetos de madeira, uma atividade própria dos homens, confeccionando peças tão diversas como canoas, remos e bonecas. Esses conhecimentos têm sido transmitidos aos mais jovens, sobretudo aos seus filhos, com os quais alcançou manter uma produção constante de artefatos destinados à venda.
Na aldeia de Bdè-Burè, Dona Jandira é a artista ceramista com maior experiência e prestígio na comunidade. É com ela que as novas gerações têm aprendido a fazer bonecas. Esse saber associado aos modos de fazer cerâmica cobre todas as fases do processo, desde a coleta de matérias primas, a sua preparação para obter um barro suficientemente bom para modelar peças delicadas e leves, até à queima das mesmas. Normalmente isso ocorre na sequência de reuniões coletivas, durante as quais se reforçam os laços sociais e se partilham memórias.
