Exposição virtual Artes e Museus
A cultura como “artes de fazer” inclui as pessoas e suas autorias, as técnicas, a intenção com que se cria, os usos e os significados que são atribuídos aos produtos do processo criativo. Nesse sentido poderemos reconhecer aquilo que se designa como arte indígena Karajá e as suas expressões materiais e imateriais. Alguns desses objetos encontram-se espalhados por museus nacionais e no estrangeiro, fruto de um espírito colecionador que caracterizou antropólogos e instituições de todo o mundo a partir de meados do século passado. Percebidas como coisas exóticas, essas coisas foram deslocadas de seus lugares de significação. Elas preservam-se em reservas técnicas ou em vitrines de museus, longe do olhar dos descendentes dos seus produtores.
Muito diferentes sãos os museus comunitários. Eles surgem da vontade de preservar objetos expressivos da sua cultura material, assim como seus aspectos imateriais. Nesse sentido, o projeto desenvolveu algumas ações para promover as discussões acerca desses museus vivos.
Em Buridina já existia uma sala de exposição organizada pela comunidade no Centro Cultural Indígena Maurehi, localizado à entrada da aldeia, a menos de 100 metros do rio Araguaia. A coleção formou-se a partir de doações e sua organização e manutenção tem sido promovida pelo cacique Raul Hawakati. O acervo é composto por materiais produzidos em osso, madeira, cerâmica, penas e palha, totalizando 125 peças de diferentes formas, tamanhos, materiais e cores, que foram catalogadas e limpas por pesquisadores do projeto.
Em Bdè-Burè o desejo de criar um espaço destinado às expressões e memórias é mais recente. Diferentemente da proposta anterior, nesta aldeia o território foi compreendimento como espaço a ser musealizado. Ou seja, as vidas, as memórias, os saberes e fazeres, os artesanatos, a fauna e a flora constituem acervos do museu comunitário em processo de criação.
Por tudo isso, neste módulo expositivo pretendem-se apresentar as iniciativas relacionadas com a Museologia Comunitária desenvolvidas pelas aldeias Buridina e Bdè-Burè. Por meio de oficinas e rodas de conversa buscou-se estimular ações comunitárias voltadas para a manifestação das memórias e identidades Karajá.
